É o que mostra a mais recente pesquisa do Datafolha, que fotografa esta etapa da corrida e não necessariamente prediz a votação dos rivais. O instituto ouviu 2.898 pessoas em 180 cidades, na quinta (13) a sexta-feira (14), em levantamento encomendado pela Folha e pela TV Globo registrado no TSE com o número BR-01682/2022.
Há 1% de indecisos e 5%, de brancos e nulos. Há uma semana, o petista tinha 49%, o presidente, 44%, não sabiam em quem votar 2% e não iriam escolher ninguém 6%. Os arredondamentos explicam por que há variações em torno de 100%.
A Justiça Eleitoral exclui da conta para fins de resultado os nulos e brancos —já estão fora, obviamente, aqueles que não foram votar, cerca de um quinto do eleitorado no primeiro turno.
São os chamados votos válidos: nesta pesquisa, assim como na anterior, Lula obteve 53% e Bolsonaro, 47%. Na disputa do dia 2 passado, haviam colhido 48,4% e 43,2%, respectivamente.
Com a margem de erro, Lula pode ter de 47% a 51% dos votos totais, que incluem os nulos, brancos e indecisos. Bolsonaro, de 42% a 46%. No primeiro turno da eleição, o petista teve 44,3% dos totais e Bolsonaro, 39,5%.
Na pesquisa espontânea, quando as opções não são apresentadas ao eleitor, Lula lidera com 46% e vê o “candidato do PT” citado com 2%. Já Bolsonaro tem 41% e a citação a seu número, 22, tem 1%. Brancos e nulos são 6% e indecisos, 3%.
O bom desempenho de Bolsonaro na reta final da campanha do primeiro turno, quando colheu o voto útil dos apoiadores de Ciro Gomes (PDT) e de parte dos indecisos, por ora não se converteu em um avanço maior na disputa final. Seguem convictos de sua opção 93% dos eleitores, índice que baixa a 77% entre aqueles que hoje pretendem anular ou deixar o voto em branco.
Ciro ficou em quarto lugar no primeiro turno com 3% dos votos válidos e seu partido apoia agora Lula. Entre seus eleitores de primeiro turno, 40% vão de Lula, 31% de Bolsonaro e 24%, nenhum deles. A terceira colocada (4,2% dos válidos), Simone Tebet (MDB), aderiu ao petista e já gravou participação em seu programa. Os índices de adesão no segundo turno de seus apoiadores se assemelham aos de Ciro: 41% com o petista, 29% com o presidente, 22% com ninguém.
A estabilidade do quadro não reflete o aumento da tensão na campanha. Nesta semana, ambos os candidatos levaram ataques pessoais pesados que estavam em redes sociais para o horário obrigatório de rádio e TV.
A propaganda do presidente tem associado Lula, que ficou 580 dias preso por uma condenação depois anulada da Operação Lava Jato, à criminalidade. Já a petista usou o apoio de acusados de crimes a Bolsonaro e até uma fala em que ele falava em consumir carne de indígena morto.
Afora o esgoto a céu aberto, de resto uma constante na política brasileira há anos, Bolsonaro ainda patrocinou uma nova investida contra os institutos de pesquisa, a quem acusa de parcialidade. Pedidos de investigação da Polícia Federal e do Cade, contudo, foram barrados pelo TSE.
O presidente da corte, Alexandre de Moraes, inverteu o processo e pediu a apuração da instrumentalização de órgãos de Estado pelo presidente, no que voltou a ser criticado por Bolsonaro.
De resto, a campanha foi marcada pelo episódio em que bolsonaristas tumultuaram a celebração do dia de Nossa Senhora Aparecida, na quarta (12), gerando confusão dentro e fora do Santuário Nacional no interior paulista. O presidente foi à igreja com aliados, e ouviu críticas indiretas do arcebispo local.
A gosto da guerra cultural pretendida pelo bolsonarismo, a religião tomou um inusitado papel central nesta etapa da campanha.
O católico Bolsonaro segue majoritário entre os evangélicos, 27% da amostra populacional do Datafolha, com 65% de intenção de voto, ante 31% de Lula. Aumentou sua vantagem, que era de 62% a 31% há uma semana. Já entre os católicos (52% do eleitorado), o episódio de Aparecida não ampliou a vantagem que o petista, aderente da denominação, já tinha: 57% a 37%, ante 55% a 38% há uma semana.
O investimento feito pelos dois candidatos no Sudeste, região que abriga 43% de eleitores, viu um quadro estável. Bolsonaro oscilou um ponto para cima, de 47% para 48%, liderando sobre o petista, que permaneceu em 44%.
Lula tem afinado sua estratégia com a de seu candidato em São Paulo, Fernando Haddad (PT), estado mais populoso onde perdeu para Bolsonaro no primeiro turno. Também buscou apoio no Rio, onde ficou atrás, e pediu votos no Complexo do Alemão nesta semana. Já o presidente coloca seu empenho para reverter a vantagem do petista em Minas Gerais, onde tem o apoio do governador reeleito Romeu Zema (Novo).
Lula, por sua vez, segue muito à frente na segunda praça mais populosa, o Nordeste (27% da amostra): tem 68% a 27%.
No mais, o quadro segue com desenho semelhante ao registrado ao longo de toda a corrida. O ex-presidente tem sua força entre os mais pobres, que ganham menos de 2 salários mínimos: tem 58%, ante 36% do incumbente na disputa.
Para manter sua boa posição na faixa seguinte, a classe média baixa com renda mensal familiar de 2 a 5 mínimos (35% desta amostra), Bolsonaro segue pingando benesses econômicas: houve mais um anúncio de redução do preço do gás esta semana. No segmento, o presidente lidera com 53%, ante 41% de Lula.
O petista, por sua vez, mantém sua posição mais favorável entre as mulheres, com 51%, enquanto Bolsonaro marca 42%. Elas compõem 52% do eleitorado.
Da Redação
Do Portal Umarí
Com Folha Online