No domingo (08), o presidente da Comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), afirmou que esta será a última semana com uma oitiva sobre o caso envolvendo vacinas que a Davati Medical Supply queria vender para a Saúde. Para Aziz, “não tem mais o que falar” sobre a empresa, já que, na visão da cúpula da comissão, ficou claro que o governo federal “dava preferência para negociar vacina quando beneficiava alguém, quando tinha algum propósito escuso”, declarou.
“Quando era sério, quando não tinha intermediário, eles não respondiam, como no caso da Pfizer e da Coronavac”, criticou em entrevista à CNN.
Os senadores se reúnem primeiramente na terça-feira (10), quando devem ouvir o coronel da reserva Helcio Bruno, também presidente do chamado Instituto Força Brasil.
Na semana passada, o reverendo Amilton Gomes de Paula, apontado como alguém que possibilitou pontes entre a Davati e o Ministério da Saúde, afirmou que foi o coronel Helcio Bruno que compartilhou uma reunião que ele já tinha junto à pasta para que Amilton, o policial militar Luiz Paulo Dominghetti e o representante da Davati, Cristiano Carvalho, conseguissem o primeiro encontro com o então secretário-executivo do ministério, o coronel Elcio Franco.
Na ocasião, discutiu-se a compra de 400 milhões de doses do imunizante da AstraZeneca. Posteriormente, Luiz Paulo Dominghetti apontaria que houve pedido de propina nessa negociação. A CPI já ouviu outros personagens envolvidos nesta denúncia.
No entanto, a presença do coronel não estava relacionada às intenções de venda da Davati, afirmou o reverendo Amilton. Segundo ele, Helcio Bruno estaria ali para discutir um PL sobre a possível revenda de vacinas por empresas privadas. O projeto já foi aprovado no Senado com condicionantes.
O requerimento é do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da comissão. Ele lembra que, em depoimento à CPI, representantes da empresa Davati no Brasil também disseram que o presidente do Instituto Força Brasil intermediou um encontro entre eles e Elcio Franco.
Já na quarta-feira (11), os senadores pausam momentaneamente a temática das denúncias sobre propinas para ouvirem mais uma testemunha sobre o chamado “tratamento precoce”. Para isso, os senadores vão ouvir o representante da Indústria Farmacêutica Vitalmedic, Jailton Batista. A empresa é fabricante de medicamentos do chamado “kit-Covid”, que não tem eficácia comprovada contra a doença.
O requerimento do relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), previa originalmente a convocação de outro representante da Vitamedic, o empresário José Alves Filho. A substituição foi solicitada pela própria farmacêutica. Segundo declarado por Omar Aziz, a empresa também teria pago por publicidade dos remédios sem eficácia nos “principais jornais do país”. A CNN pediu um posicionamento da Vitalmedic sobre as afirmações feitas por Omar Aziz, mas não recebeu resposta.
Já na quinta-feira (12), irá ao Senado o líder do governo na Câmara, o deputado Ricardo Barros (PP-PR). O depoimento é visto nos bastidores do Senado como um dos mais aguardados pela cúpula da CPI. A convocação estava prevista antes do recesso parlamentar e passou por uma série de trâmites jurídicos, incluindo o acesso de Barros a todos os documentos que citaram o seu nome na Comissão até meados de julho.
A convocação de Ricardo Barros foi sugerida pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE). De acordo com o autor do requerimento, o líder do governo na Câmara foi “mencionado pelo próprio presidente da República no cometimento de potenciais ilícitos no contexto de negociação e compra da Covaxin”.
Na avaliação feita por Aziz, como Bolsonaro não negou ter mencionado Ricardo Barros a Luís Miranda (DEM-DF) quando o parlamentar foi levar ao chefe do Executivo as suspeitas de “pressão indevida” para a importação da vacina Covaxin, o depoimento do parlamentares não seria necessário.
Créditos: Polêmica Paraíba