RIO DE JANEIRO (RJ) – Se em um dia de treinos no Ninho do Urubu, com o direito de controlar todos os movimentos de titulares e reservas em campo, a preocupação de Zé Ricardo fosse trabalhar apenas movimentos ofensivos contra uma defesa muito fechada, dificilmente obteria um cenário parecido com o de ontem, em Volta Redonda. Contra uma retranca de almanaque, foram 72 minutos em que o Flamengo iniciou bem, depois abusou de forma preocupante dos cruzamentos. Até um chute de fora da área de Renê abrir o caminho para um 3 a 0 que dá a ideia de um jogo mais tranquilo do que foi.
O Bangu, que chegava a montar uma linha defensiva de seis jogadores e abandonava Loco Abreu à própria sorte, renunciou ao jogo. Depois que sofreu o primeiro gol, perdeu as referências do que deveria fazer em campo. Um time programado para defender, não tinha mais o que defender. Teve o prêmio que mereceu.
O Flamengo cercou a área e praticou um exercício de ataque contra defesa. Situações como esta podem ter utilidade ao longo da temporada. Nesta quarta-feira, triangulações pelos lados até renderam chances no início. Aos poucos, o jogo virou uma sucessão toques laterais e centros para a área. Talvez uma solução fosse ter pontas que abrissem a defesa, ampliando o campo a ser coberto pela superpovoada linha defensiva do Bangu. Mas a tendência de Éverton e, principalmente, de Mancuello, era afunilar.
Quem se saía bem era o grande personagem da escalação inicial do Flamengo: Márcio Araújo. A decisão de Zé Ricardo sinalizou que ele ganhou a posição de Rômulo, colocado na reserva. Márcio Araújo foi quem mais teve a bola, algo natural neste tipo de jogo em que o rival se tranca atrás e nega espaços aos homens mais avançados. Errou poucos passes e serviu como apoio por trás dos meias. Só não teve testado o seu posicionamento defensivo.
Salvo no primeiro lance do segundo tempo, em que Bruno Luís perdeu gol incrível, o Bangu não jogou. Zé Ricardo lançou Berrío na ponta, colocou Damião ao lado de Vizeu para ocupar a área, mas tirou Mancuello e Paquetá, ambos de capacidade de toque pelo meio. Aumentou o número de cruzamentos, quase sempre rebagidos. Nestas horas, laterais podem ser úteis ajudando na armação. Na dificuldade, Renê decidiu chutar e, enfim, venceu o goleiro Márcio, aos 27 do segundo tempo.
O Bangu perdeu seu propósito, Damião fez o segundo em cruzamento de Pará e Matheus Sávio aproveitou uma jogada realmente articulada pela direita para fazer o terceiro.
Coisas do Estadual, aconteça o que acontecer na Taça Rio, o Flamengo já está na semifinal do Carioca pela pontuação geral. Até lá, terá amistosos.
Da Redação
Com O Globo