Os resultados oficiais das eleições de 28 de julho foram questionados por Estados Unidos, União Europeia e vários países da América Latina, inclusive o Brasil, que pediram uma verificação minuciosa dos votos. A proclamação de Maduro como vencedor pelo CNE (Conselho Nacional Eleitoral) foi ratificada pelo Tribunal Supremo de Justiça, ambos acusados de servir ao chavismo.
O CNE não divulgou as atas de votação, com a lei exige, alegando que foi alvo de um ataque de hackers. O anúncio dos resultados provocou protestos em todo país, com um balanço de 27 mortos, 192 feridos e 2.400 detidos.
QUEM SÃO OS OPOSITORES
- Magalli Meda foi chefe de campanha de María Corina Machado. Ela também é gerente de planejamento estratégico do partido Vente Venezuela. “Na Embaixada da Argentina na Venezuela, sob custódia do Brasil, estamos com a energia elétrica cortada e com os acesso à sede tomados”, escreveu ela na rede social X.
- Claudia Macero é jornalista responsável pela comunicação da campanha de María Corina Machado. Ela também é coordenadora de comunicação do Vente Venezuela.
- Pedro Urruchurtu é coordenador de relações internacionais do partido. Ele é cientista político, professor e vice-presidente da Rede Liberal da América Latina. Pedro atuou por cinco anos como coordenador de Educação Política do Vente Venezuela, treinando jovens líderes e membros do partido em oficinas sobre liberalismo, liderança, direitos humanos e democracia. Urruchurtu escreve para diversos meios de comunicação digitais e é apresentador de um programa de rádio na Rádio Caracas, uma das rádios mais populares da Venezuela.
- Omar González é ex-deputado e membro da direção nacional do Vente Venezuela. González também é jornalista e escritor. “Quando uma embaixada é sitiada, como é o caso da embaixada argentina em Caracas, ocorre uma grave violação do direito internacional, especificamente da Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas”, escreveu nas redes sociais.
- Humberto Villalobos é coordenador eleitoral do comando de campanha do Vendo Venezuela. Ele também é diretor da ONG especializada em fiscalização eleitoral ESDATA.
- Fernando Matínez Mottola é engenheiro elétrico, especialista em telecomunicações e assessor de María Corina Machado. Ele foi ministro dos Transportes e Comunicações durante a presidência de Carlos Andrés Pérez. Em 2019 foi um dos principais assessores de Juan Guaidó e participou como representante numa negociação entre o governo e a oposição na Noruega. É colunista do jornal El Nacional.
PAÍSES SE MANIFESTAM
O governo Maduro alega ter “provas” de que o local está sendo usado para planejamento de atos “terroristas” e de “tentativas” de assassinato contra ele e sua vice, Delcy Rodríguez. As provas, no entanto, não foram apresentadas.
O governo brasileiro indicou que continua representando os interesses da Argentina em Caracas. Segundo o colunista do UOL Jamil Chade, o posicionamento do Itamaraty é de que se a Venezuela quiser revogar a autorização, tem de esperar a definição de um país substituto. Até lá, o governo Lula (PT) diz que continua a assumir essa responsabilidade.
Já o governo argentino rejeitou neste sábado (7) a “decisão unilateral” da Venezuela. “Qualquer tentativa de interferir ou sequestrar os solicitantes de asilo que estão em nossa residência oficial será fortemente condenada pela comunidade internacional”, alertou.
O Ministério das Relações Exteriores do Paraguai diz lamentar decisão do governo Maduro. Em nota divulgada nas redes sociais, a pasta classificou como “decisão unilateral” a revogação da custódia do Brasil na embaixada argentina e disse que a ação “viola os princípios consagrados na Convenção de Viena”. O ministério ainda instou o país a respeitar as normas internacionais e reforçou que reconhece o Brasil como responsável pela custódia da residência argentina.
Os EUA manifestam apoio “inabalável” aos governos do Brasil e da Argentina. “Expressamos nosso firme apoio diante das ameaças dos agentes de Maduro na Venezuela”, escreveu o embaixador americano Brian A. Nichols nas redes sociais. “O Maduro precisa parar com sua repressão e intimidação ao povo venezuelano.”
A Chancelaria da Costa Rica também emitiu comunicado. A pasta falou em “novo ato de perseguição política contra cidadãos venezuelanos legalmente abrigados na embaixada argentina”.
COMEÇO DA CRISE
Logo depois da eleição de 28 de julho, o governo Maduro expulsou os diplomatas argentinos de Caracas. O gesto ocorreu por conta da reação do governo de Javier Milei de não reconhecer a suposta vitória de Maduro e insistir que o pleito havia sido alvo de fraude. Mas dentro da embaixada estavam seis membros da oposição venezuelana, foragidos da justiça venezuelana.
Na prática, a expulsão dos diplomatas significava que o governo Maduro poderia romper a inviolabilidade da embaixada e capturar os opositores. Para evitar uma crise ainda mais grave, o governo brasileiro fechou um acordo no qual passou a assumir os interesses da Argentina em Caracas, inclusive da estrutura da embaixada. O Brasil fez o mesmo com a embaixada do Peru, depois da expulsão dos diplomatas daquele país, pelos mesmos motivos.
Ficou estabelecido que, a partir daquele momento, aquela era também uma área brasileira e que continuava fora do alcance das forças de ordem de Maduro. Até mesmo uma bandeira brasileira chegou a ser colocada no local por alguns dias. Mas a pressão de Maduro contra a oposição levou a uma ação, uma vez mais, contra a embaixada.
Da Redação
Do Portal Umari
Com FolhaPress