O presidente conversou com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, antes da reunião ministerial desta quinta (8) e debateu as eventuais saídas políticas e diplomáticas para o caso. Por fim, definiu expulsar a embaixadora da Nicarágua como resposta ao ato de Ortega. A nicaraguense Fulvia Patricia Castro Matus recebeu agrément do Brasil em maio deste ano. Agrément é o consentimento dado por um país para que um diplomata seja nomeado no território estrangeiro.
Lula tentou interceder em defesa do bispo católico Rolando Álvarez, preso pela ditadura nicaraguense por críticas ao regime. O movimento em defesa do religioso, segundo o próprio petista, partiu de um pedido do Papa Francisco. Ortega não retornou o contato do brasileiro. Em resposta, Lula orientou que o embaixador não participasse mais de atividades que envolvessem o governo nicaraguense. A ausência teria sido a gota d’água para Ortega.
A princípio, a ditadura apenas sinalizou que expulsaria o embaixador brasileiro. Como, em um primeiro momento, não houve comunicação oficial da decisão, o Ministério das Relações Exteriores interpretou que havia espaço para negociações. A atuação da diplomacia brasileira, no entanto, não surtiu efeito. A indicação de Breno de Souza Brasil Dias da Costa para o posto nicaraguense foi aprovada pelo Senado em dezembro de 2021.
Como mostrou de forma exclusiva o R7, o embaixador deve deixar o país ainda nesta quinta-feira (8). Lula comentou o assunto há duas semanas, em entrevista a agências internacionais de notícia. “A Nicarágua, veja, virou um problema não para outros países, virou um problema para a Nicarágua. Faz tempo que eu não converso com o Daniel Ortega, porque quando eu fui conversar com o Papa Francisco, o Papa Francisco pediu para eu conversar com o Daniel Ortega sobre um bispo que estava preso lá. O dado concreto é que o Daniel Ortega não atendeu o telefonema e não quis falar comigo. Então, nunca mais eu falei com ele, nunca mais. Ou seja, eu acho que é uma bobagem”, declarou.
Quem é Ortega?
Ortega chegou ao poder pela primeira vez em 1979, quando o presidente Anastasio Somoza Debayle, que liderou o país em duas oportunidades (1967-1972 e 1974-1979), foi retirado do cargo durante a Revolução Sandinista. Antes disso, era um conhecido guerrilheiro, preso repetidas vezes por crimes que incluem um assalto à mão armada a uma filial de um banco norte-americano em solo nicaraguense.
O ditador foi solto em 1974, junto com outros prisioneiros, em troca da liberdade de rivais políticos que haviam sido sequestrados por sandinistas. Apenas em 1984, cinco anos após os sandinistas tomarem o poder e organizem uma junta governativa apenas com aliados do próprio grupo político, Ortega foi eleito presidente do país. Também na década de 1980, a Revolução Sandinista tornou o governo uma frente ampla e aberta a outras vertentes da Nicarágua.
Da Redação
Do Portal Umari
Com R7