Neymar deverá pagar multa milionária para escapar da prisão na Espanha. No Brasil, acusação de falsidade ideológica. Os reflexos desses processos afetarão a Olimpíada, a Copa América e as Eliminatórias. O capitão de Dunga vive seu pior momento fora dos gramados.
Chegou fevereiro. Com o Carnaval, a entrega dos Oscar. E os processos jurídicos mais importantes para o futebol brasileiro em 2016. No ano de Copa América centenária, Eliminatórias e, principalmente, a disputa da Olimpíada no Rio, com obrigação da conquista da inédita medalha de ouro, o personagem principal destas disputas está acuado, tenso, pressionado por tribunais da Espanha e daqui.
A situação do capitão da Seleção Brasileira é muito complicada.
A quatro dias de completar 23 anos, Neymar assiste hoje ao início do esclarecimento da sua suspeita venda do Santos para o Barcelona. O ex-presidente Sandro Rosell e Josep Maria Bartomeu foram convocados a depor no Supremo Tribunal da Espanha, a Audiência Nacional.
Rosell, que perdeu seu cargo por causa da transação, é acusado de crime contra a Fazenda Pública pelos exercícios de 2011 e 2013, assim como delito societário, enquanto Bartomeu é apontado como responsável por manipulação no ano fiscal de 2014. O Barcelona, por sua vez, é acusado pelos três delitos. Os ex-presidentes santistas, Luis Álvaro de Oliveira Ribeiro e Odilio Rodríguez Filho também foram convocados para depor.
A acusação é de domínio público. Nasceu em 2013. A justiça espanhola pediu ao Barcelona esclarecimentos sobre pagamento de 40 milhões de euros feito à N&N, empresa administrada pelos pais do jogador. Afinal, o clube catalão confirmou à Fifa que pagou apenas 17,1 milhões de euros pelo jogador. 55% dessa quantia ao Santos, 40% ao grupo DIS e 5% à Teisa.
Além das desconfianças, o grupo DIS entrou com queixa-crime na Justiça da Espanha. Acusando de ser falso o valor alegado pelo clube europeu. Processou Neymar, seus pais (donos da N&N), o Barcelona e o Santos.
Em 2014, o Barcelona já admitia que o custo total da negociação foi de 57,1 milhões de euros. A desculpa para o salto financeiro. Um acordo prévio firmado com a N&N para garantir que o atacante iria para a Catalunha. Só que havia acordos paralelos feitos pelo Barcelona com o Santos, a Fundação Neymar, o próprio atacante e, novamente, a N&N. Para o Supremo Tribunal de Justiça, a transação foi, na verdade, de 83,3 milhões de euros.
Orientados por seus advogados, Rosell e Bartomeu se recusaram hoje a responder qualquer pergunta sobre a transação de Neymar. Alegaram que já deram suas explicações. A constrangedora fuga das perguntas levou uma hora e meia. Essa postura só deixa tudo pior para o clube e para o jogador, alegam advogados.
É possível que Neymar, seu pai e sua mãe, que também será obrigada a depor, sigam o mesmo perigoso caminho do silêncio.
A perspectiva da imprensa espanhola é de uma condenação parecida com a que tomou o argentino Mascherano. Ele foi condenado a um ano de cadeia e mais multa de 815 mil euros, cerca de R$ 3,5 milhões. Ele confessou ter sonegado 1,5 milhão de euros, R$ 6,5 milhões, entre 2011 e 2012. Teve de pagar esse valor, além de 200 mil, cerca de R$ 868 mil, como multa. E foi submetido a este novo julgamento.
Seus advogados devem conseguir que ele não passe um ano preso. A saída devera apenas pagar outra multa. Desta vez de 21 mil euros, R$ 91 mil.
A grande diferença são os valores envolvidos. Neymar e seus pais não deverão ser presos. Eles poderiam, ter de cumprir entre três e oito anos de cadeia. A tendência é que paguem uma multa milionária.
Da Redação
Com Nordeste1.Com
