É o que mostra o último Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa), elaborado, em janeiro deste ano, pelas prefeituras e computado pela Secretaria Estadual de Saúde.
Para o governo de Pernambuco, os dados do LIRAa de janeiro são muito preocupantes. “Nunca tivemos tantos municípios com índice de infestação acima de 4%, o que é tolerado. Essa é a maior quantidade de cidades em situação de risco registrada desde 2012, quando começamos a fazer o levantamento em Pernambuco”, declara a coordenadora de Arboviroses da Secretaria Estadual de Saúde, Claudenice Pontes. As arboviroses são as doenças transmitidas por insetos.
Para elaborar o LIRAa, produzido de dois em dois meses, cada município é dividido em grupos 9 mil a 12 mil imóveis com características semelhantes. Desses, 450 são visitados. Os estratos são classificados de acordo com o índice de infestação: inferior a 1% (condições satisfatórias), entre 1% e 2,5% (risco médio) entre 2,6% e 3,9% (condição de alerta) e superior a 4% (risco de surto).
A partir da próxima semana, os municípios pernambucanos começam a elaborar um novo mapa da infestação. E o Estado está na expectativa de números menos assustadores. “Esperamos que as ações tenham dados resultado. Vamos torcer para que o LIRAa de março seja melhor”, comenta Pontes.
A partir dessa classificação, é possível mostrar a situação dramática em algumas cidades. Ferreiros, na Zona da Mata Norte, é o primeiro colocado nesse ranking estadual de infestação. O município atingiu um índice de 18%. Isso significa que ele tem um número de Aedes aegypti mais de quatro vezes superior do que o teto do protocolo do Ministério da Saúde. Em segundo lugar aparece Surubim, no Agreste, com 16.8%. Terezinha, na mesma região, fica em terceiro na relação: tem LIRAa de 16,7%.
A maior preocupação das autoridades de saúde é com o interior. Apenas dois municípios do Grande Recife estão na lista dos mais infestados pelo mosquito: Abreu e Lima (4,4%) e Camaragibe (6,2%). Na capital, o problema vem diminuindo. O levantamento feito entre janeiro e fevereiro deste ano mostrou o menor índice da última década: 1,1%.Há dez anos, a cidade tinha LIRAa de 3,4%.
Entretanto, ainda é preciso redobrar as atenções em alguns locais. Nove bairros ainda têm índices de infestação que destoam da média recifense. O Alto José Bonifácio, na Zona Norte, é o líder do ranking na cidade (4,3%). Há, ainda, oito localidades com LIRAa entre 2,6% e 3,9%. Ou seja, em alerta. Apipucos, Monteiro, Várzea, Zumbi, Passarinho, Jordão, Ibura e Pina estão nessa situação.
Diante dos números, a coordenadora de arboviroses da Secretaria Estadual de Saúde, Claudenice Pontes, mostra-se apreensiva com o tamanho do desafio.
Erradicar o mosquito em áreas em que diversos fatores influenciam na proliferação do vetor de três das doenças mais temidas da atualidade. “Temos situações que dificultam o combate ao aedes aegypti. Nesses lugares com índice muito alto, normalmente, existe desabastecimento e as pessoas são obrigadas a acumular água. Além disso, vem chovendo e está muito quente”, observa.
A gestora ressalta a importância das ações conjuntas. E enaltece o trabalho realizado pelas Forças Armadas e nas escolas. “Em Pernambuco, 90% dos focos estão nas residências. As aglomerações urbanas pioram o problema. Por isso, não podemos permitir a desmobilização. Temos que atuar sempre juntos”, declara.
Da Redação
Com PB Agora