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OPERAÇÃO: Polícia Federal faz buscas na sede de empresa de megaempresário paraibano



A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quinta-feira a terceira fase da Operação Acrônimo, que investiga supostas irregularidades no financiamento de campanha do governador mineiro Fernando Pimentel. Agentes estiveram nas sedes da Caoa, fabricante e revendedora de carros da Hyundai no Brasil, do empresário paraibano Carlos Alberto de Oliveira Andrade, na Marfrig, e em endereços de Mauro Borges, ex-ministro do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e homem ligado ao governador Fernando Pimentel. Houve buscas também no endereço de um contador que trabalhava para empresas investigadas. Recentemente a Caoa e a Marfrig pediram ao STJ acesso ao processo da Acrônimo que tramita no Superior Tribunal de Justiça. a Caoa também foi citada em outra denúncia, sobre a compra de uma medida provisória que prorrogou incentivos fiscais à montadora.Também foram realizadas buscas na casa de um contador que trabalhava para as empresas investigadas.



Conforme a ÉPOCA publicou em julho, havia suspeitas de que a Caoa conseguira incentivos fiscais do Ministério do Desenvolvimento e empréstimos do BNDES, que foram chefiados por Pimentel e Borges, para produzir carros na cidade goiana de Anápolis. A Caoa, poucos dias antes de uma visita de Pimentel à fábrica em Goiás, fizera depósitos em conta de empresa ligada a Benedito Oliveira, o Bené, empresário amigo de Pimentel e que o ajudou na campanha.



PARAIBANO ENROLADO: Em fevereiro de 2012, o BNDES financiou a construção de uma fábrica da Hyundai em Piracicaba, São Paulo, por R$ 218 milhões. Ainda em 2012, o governo lançou o programa Inovar Auto, como forma de modernizar a indústria automobilística em troca de isenções fiscais. Em 2013, a montadora foi habilitada para iniciar a produção do veículo ix35, além de importar carros com desconto no IPI. Uma das portarias assinadas por Pimentel autoriza a importação de 2 mil veículos. Uma das principais apostas da Caoa, a linha de produção do ix35 foi inaugurada em 17 de outubro de 2013, com a participação de Pimentel. Na ocasião, o fundador da Caoa, Carlos Alberto de Oliveira Andrade, deixou claro qual era a importância da relação com o governo. “O Inovar Auto é que viabilizou esse nosso investimento de mais de R$ 600 milhões”, afirmou Andrade. É nesse ponto da cronologia que entram as notas fiscais a que ÉPOCA teve acesso. De acordo com elas, a Caoa repassou R$ 2,21 milhões às duas empresas de Bené, Bridge e BRO, entre outubro de 2013 e junho de 2014. Um desses depósitos, no valor de R$ 240 mil, foi realizado no dia 22 de outubro, cinco dias depois do discurso de Carlos Alberto e da visita de Pimentel à fábrica.


Um dos fatores a despertar a curiosidade era a natureza dos serviços prestados, sempre extremamente vaga. De acordo com uma das notas fiscais obtidas pela reportagem, “estudo de processo produtivo usando como meio de pesquisa a internet”. O que significa isso? Procurar no Google? Talvez algo mais, pelo preço: R$ 265 mil. Outra nota segue a mesma lógica. “Estudo e planejamento de ações usando ferramentas tecnológicas existentes no mercado.” Bené, denunciado na quinta-feira, dia 30, pelo Ministério Público Federal por desvio de R$ 2,9 milhões em 14 contratos irregulares para a realização de eventos do Ministério das Cidades no período de 2007 e 2009, agora se revela um expert no uso de “ferramentas tecnológicas”. Segundo a Caoa, foram as empresas – de mesmo dono, vale dizer – que “ofereceram propostas de prestação de serviços, como é usual no mercado”. A Caoa não mostrou qualquer comprovante dos serviços prestados. A montadora afirma ainda que foram feitos estudos mercadológicos e estratégias comerciais no setor automobilístico.


 Dos R$ 2,21 milhões recebidos da Caoa, a maior parte foi para a Bridge: R$ 1,46 milhão. Essa empresa foi o primeiro foco da investigação da PF, por ter sido usada para comprar um avião para Bené – o mesmo que foi alvo de uma batida policial em outubro do ano passado. O diretor é Ricardo Guedes, funcionário de Bené contratado por R$ 7 mil. À PF, ele disse que sabia apenas de um empreendimento, para a exploração de garimpo em Serra Pelada – nada a ver com as proezas tecnológicas contratadas pela Caoa. O próprio diretor da Bridge colocou dúvidas sobre os serviços da empresa. “A respeito da contabilidade da Bridge, informa que não tem certeza se os serviços referentes ao faturamento foram todos prestados”, disse em depoimento à PF obtido por ÉPOCA. A Bridge foi criada em 2011 pelo empresário José Appel (que assumiu o cargo de contador) e, desde 2013, é controlada por Bené por meio de Guedes (que já admitiu à PF que Bené é o verdadeiro dono).


A OPERAÇÃO: A Acrônimo, desencadeada inicialmente em maio, tem também como alvos a primeira-dama de Minas, Carolina Oliveira, e o empresário Benedito Rodrigues, colaborador de campanhas de Pimentel e suspeito de desviar recursos de contratos do governo federal com suas empresas. Pimentel é investigado por receber vantagens indevidas de empresas que mantinham relações comerciais com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), vinculado ao ministério do desenvolvimento, que ele comandou de 2011 a 2014.

Da Redação
Com PB Agora
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